16/04/2014

Estudo revela risco de contaminação a profissionais da saúde

O estudo revela a baixa adesão dos profissionais aos procedimentos necessários para diagnosticar possíveis contaminações. E aponta as principais normas de segurança para prevenir acidentes biológicos

Foto ilustração
Imagine um profissional da saúde colhendo sangue de um paciente. As possibilidades de contaminação do profissional com esse material orgânico são iminentes e revelam o que os especialistas chamam de risco biológico.

Esse risco ocorre diariamente em atividades laborais exercidas por médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, principalmente por lesões provocadas com instrumentos perfuro-cortantes, como agulhas, pinças e lâminas, e, ainda, por meio do contato do material com a mucosa do profissional, como os olhos ou a boca.

Em caso de acidente, procedimentos-padrão devem ser adotados. Pesquisas nacionais e internacionais apontam que mais de 70% dos profissionais acidentados aderem aos procedimentos de diagnóstico de possíveis contaminações. No entanto, o pesquisador Osvaldo Peixoto, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), observou a baixa adesão a esses procedimentos na Fundação Hospital de Clínicas “Gaspar Vianna”, com o índice de 25%.

Para traçar um panorama sobre as possibilidades de acidentes e apontar medidas de prevenção e diminuição do risco biológico aos profissionais da área da saúde, o professor desenvolveu, no Mestrado em Biologia Parasitária na Amazônia, uma investigação sobre a “Exposição Ocupacional a Material Biológico entre Trabalhadores de Saúde: Prevalência de Adesão à Sorologia”.

A necessidade em realizar o estudo surgiu por meio do grande número de notificações de Acidente de Trabalho Biológico (ATB) no Hospital de Clínicas, quando o professor ocupava a Coordenação de Medicina do Trabalho. “Identifiquei que o ATB era comum na Instituição e, ainda, que os trabalhadores de saúde acidentados não tinham a percepção da gravidade do acidente, pois se trata de uma ‘emergência médica’. O ATB é a ocorrência acidentária mais frequente em ambiências hospitalares”, afirma o pesquisador.

O estudo destaca, também, os diversos procedimentos a serem adotados após o acidente biológico. Para o pesquisador, o mais urgente é lavar exaustivamente o ferimento e comunicar imediatamente à chefia da instituição. Na vigência do acidente, o trabalhador precisa fazer o teste rápido para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e se dirigir ao setor de Serviços Especializados Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), onde dará início à sorologia protocolar. Durante seis meses, o acidentado deve receber um acompanhamento para detectar uma possível infecção pelos vírus da hepatite B, C e confirmar, ou não, a presença do HIV.

O uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), de luvas, de óculos protetores, de avental e jaleco são as principais normas de segurança a serem adotadas para prevenir os acidentes biológicos. Além dessas, atender às normas de biossegurança e precauções-padrão recomendadas pelo Ministério da Saúdee executar uma educação continuada são fatores apontados pelo pesquisador para reduzir os riscos. Segundo Osvaldo, “o grande problema em hospitais é o não uso das normas de segurança, não há educação continuada nesse sentido, e é exatamente isso que a dissertação de mestrado concluiu. É preciso que haja divulgação sobre os riscos biológicos, prevenções e tratamentos em caso de acidentes aos profissionais”.

A pesquisa desenvolvida na Uepa contribui, ainda, para o fortalecimento da produção científica sobre biossegurança na Região Norte do Brasil, considerada escassa, e sugere a inclusão da disciplina Biossegurança na grade curricular dos cursos da área da saúde.

Reportagem reproduzida de Uepa Belém

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