O estudo revela a baixa adesão dos profissionais aos procedimentos necessários para diagnosticar possíveis contaminações. E aponta as principais normas de segurança para prevenir acidentes biológicos
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Esse risco ocorre diariamente em atividades laborais exercidas por médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, principalmente por lesões provocadas com instrumentos perfuro-cortantes, como agulhas, pinças e lâminas, e, ainda, por meio do contato do material com a mucosa do profissional, como os olhos ou a boca.
Em caso de acidente, procedimentos-padrão devem ser adotados. Pesquisas nacionais e internacionais apontam que mais de 70% dos profissionais acidentados aderem aos procedimentos de diagnóstico de possíveis contaminações. No entanto, o pesquisador Osvaldo Peixoto, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), observou a baixa adesão a esses procedimentos na Fundação Hospital de Clínicas “Gaspar Vianna”, com o índice de 25%.
Para traçar um panorama sobre as possibilidades de acidentes e apontar medidas de prevenção e diminuição do risco biológico aos profissionais da área da saúde, o professor desenvolveu, no Mestrado em Biologia Parasitária na Amazônia, uma investigação sobre a “Exposição Ocupacional a Material Biológico entre Trabalhadores de Saúde: Prevalência de Adesão à Sorologia”.
A necessidade em realizar o estudo surgiu por meio do grande número de notificações de Acidente de Trabalho Biológico (ATB) no Hospital de Clínicas, quando o professor ocupava a Coordenação de Medicina do Trabalho. “Identifiquei que o ATB era comum na Instituição e, ainda, que os trabalhadores de saúde acidentados não tinham a percepção da gravidade do acidente, pois se trata de uma ‘emergência médica’. O ATB é a ocorrência acidentária mais frequente em ambiências hospitalares”, afirma o pesquisador.
O estudo destaca, também, os diversos procedimentos a serem adotados após o acidente biológico. Para o pesquisador, o mais urgente é lavar exaustivamente o ferimento e comunicar imediatamente à chefia da instituição. Na vigência do acidente, o trabalhador precisa fazer o teste rápido para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e se dirigir ao setor de Serviços Especializados Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), onde dará início à sorologia protocolar. Durante seis meses, o acidentado deve receber um acompanhamento para detectar uma possível infecção pelos vírus da hepatite B, C e confirmar, ou não, a presença do HIV.
O uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), de luvas, de óculos protetores, de avental e jaleco são as principais normas de segurança a serem adotadas para prevenir os acidentes biológicos. Além dessas, atender às normas de biossegurança e precauções-padrão recomendadas pelo Ministério da Saúdee executar uma educação continuada são fatores apontados pelo pesquisador para reduzir os riscos. Segundo Osvaldo, “o grande problema em hospitais é o não uso das normas de segurança, não há educação continuada nesse sentido, e é exatamente isso que a dissertação de mestrado concluiu. É preciso que haja divulgação sobre os riscos biológicos, prevenções e tratamentos em caso de acidentes aos profissionais”.
A pesquisa desenvolvida na Uepa contribui, ainda, para o fortalecimento da produção científica sobre biossegurança na Região Norte do Brasil, considerada escassa, e sugere a inclusão da disciplina Biossegurança na grade curricular dos cursos da área da saúde.
Reportagem reproduzida de Uepa Belém
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